Pela estrada desce a noite Mãe-Negra, desce com ela...
Nem buganvílias vermelhas, nem vestidinhos de folhos, nem brincadeiras de guizos, nas suas mãos apertadas.
Só duas lágrimas grossas, em duas faces cansadas.
Mãe-Negra tem voz de vento, voz de silêncio batendo nas folhas do cajueiro... Tem voz de noite, descendo, de mansinho, pela estrada...
Que é feito desses meninos que gostava de embalar?... Que é feito desses meninos que ela ajudou a criar?... Quem ouve agora as histórias que costumava contar?...
Mãe-Negra não sabe nada... Mas ai de quem sabe tudo, como eu sei tudo Mãe-Negra!...
É que os meninos cresceram, e esqueceram as histórias que costumavas contar... Muitos partiram pra longe, quem sabe se hão-de voltar!...
Só tu ficaste esperando, mãos cruzadas no regaço, bem quieta bem calada.
É a tua a voz deste vento, desta saudade descendo, de mansinho pela estrada...
Autor: Alda Lara Editado por: nicoladavid |
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