
Um pobre homem passava debaixo de geada e vento.
Bati sobre a minha vidraça; ele parou em frente
a minha porta, que abri de uma maneira civil.
Os burros retornavam do mercado da cidade,
levando os camponeses de cócoras sobre as suas albardas.
Era o velho que vive num nicho à parte inferior
da subida, e sonha, esperando, solitário,
um raio do céu triste, rio da terra,
esticando as mãos para o homem e a ele juntando-se para Deus.
A ele gritei: “Vêm aquecer ligeiramente.
Como nomeiam-se? ” Diz-me: “Nomeio-me o pobre.
”Mim ele tomado a mão: “Entram, enfrenta homem”
E fiz-lhe dar uma gamela de leite.
O velho tremendo de frio; falava-me,
e respondia-lhe, pensativo e sem estar a entendê-lo.
“Os vossos fatos são molhados”, diz, “ele é necessário estendê-los,
na frente da chaminé. ” Aproximou-se do fogo.
O seu casaco, muito comido dos vermes, e outrora azul,
estendido largamente sobre a fogueira da fornalha,
picado de mil buracos via-se a incandescência das brasas,
cobria a lareira, e parecia um céu preto estrelado.
E, tempo secava este andrajo pesaroso
onde fluía a chuva e a água do charco,
pensava que este homem estava cheio de orações,
e olhava, surdo que dizíamos,
o seu burel onde via constelações.
Autor: Victor Hugo (1802-1855)
Editado por: nicoladavid
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