- Olho por olho! Dente por dente! Cabeça por cabeça! O morto!
Justiça! O cadafalso vale melhor que o remorso.
Talião! Talião! - Silêncio aos gritos selvagem!
Não! Bastante desgraça, de assassinato e devastações!
Bastante abate! Bastante luto! Bastante.
De fantasmas sem cabeça e terríveis mortes!
Bastantes visões fúnebres na bruma! Bastantes dedos medonhos; mostrando o
sangue que fuma, pretos, e contando os buracos dos lençóis na noite! Não torturados
por cujo grito persegue-nos!
Não espectros que lançam a sua sombra sobre as nossas cabeças!
Somos os que fluem de todas as tempestades; É mais apenas um dever do que uma
verdade, é, após tanta angústia e calamidade,
homem, de abrir o seu coração, pássaro, abrir a sua asa, para este céu que preenche
a grande alma eterna! O povo, que os reis esmagavam sob os seus tacões, é a
pedra prometida ao templo, e queremos que a pedra alvenaria e não que lapida! Não
sangue! Não morte! É refluxo estúpido que a ferocidade sobre a ferocidade.
Um pilar de cadafalso apoia mal a cidade.
Queres fazer morrer! Eu quero fazer nascer!
Muro sepulcral e abro a janela.
Deus não fez o sangue, ao amor reservado, de modo que se dê de beber às fendas
do godo.
Trata-se de matar? Povos, trata-se de ser.
Quem? Queres vingar-te, passando? de quem? do mestre? Se não vales melhor, o
que vens fazer aqui? Qualquer mistério onde se lança um assassinato é
escurecido; O enigma sangrento é mais áspero a resolver; A sombra abre-se
terrível após o golpe de raio; Matar não é criar, e enganar-se-ia se acontece
que tudo termina ao cutelo; É lá que o inesperado, impenetrável, imenso, a
cheia de relâmpagos súbitos, pergunta e começa; É do bem ou do mal; mas o mal é
maior.
Satanás ri através do cadafalso transparente.
Carrasco, qualquer que seja, tem o pé em precipício; Que se faça,
infelizmente! o machado faz um crime; Uma lúgubre noite fuma sobre este fio; Quando
acaba de matar, como, aproximando-se,
estremece vê-lo, todo que flui, e como, sente-se que golpeou na sombra mais que
um homem! Tão cedo quanto que
desapareceu o culpado, assassinado, fora do cesto trágico onde a cabeça rolou,
o princípio inocente, divino, inviolável, com o seu olhar de astro à aurora
semelhante, elabora-se, espectro a gosto,
um círculo vermelho ao pescoço.
O homem é impiedoso, infelizmente, sem estar a saber onde.
Como não vê que vive num problema, que o homem é mesmo solidário com os seus
monstros, e que não pode matar outra coisa que Abel! Quando uma cabeça cai,
sente-se tremer o céu.
Decapitam Nero, este hiena insensato, a vida universal está em Nero aleijado;
Feitos levar Tibério ao cadafalso amanhã, Tibério sangrará o sangue do tipo
humano.
Todos misturando-se com quem faz a Greve; Quando um homem, em público, que
vê-nos como um sonho, morre, implorando impotentemente os nossos cobardes
abandonos, este assassinato é o nosso assassinato e respondemos; É com um
pedaço da nossa indiferença, é como um farrapo da nossa consciência, com a
nossa alma a todos, o único executor cansado limpa o seu medonho cutelo.
Autor: Victor Hugo
(1802-1855)
Editado por: nicoladavid