
Natal. Eu era apenas uma menininha que ainda acreditava em Papai Noel. Adorava essa época de festas de fim de ano, pois era aonde eu reencontrava todos os parentes, e sempre depois da comemoração do Ano Novo, minha tia que morava na fazenda levava eu e meu irmão para passar alguns dias com ela.
Lembro-me vagamente que naquele dia, a comemoração não ia ser como o de costume na virada do dia 24 para o dia 25. Meu tio estava no hospital, e por algum outro motivo, íamos comemorar no dia 25 com um almoço.
Eu e meu irmão acordamos bem cedinho... O sol ainda estava escondido no horizonte, mas no quarto um pouco da luz dos raios solares já se infiltravam pelas frestas da janela. Para falar a verdade naquele dia mal dormimos, ansiosos por saber o que papai Noel nos felicitara.
Meu irmão esperava uma bicicleta, e eu..., bem na verdade eu queria ir à escola. Eu tinha uma vizinha que era mais velha que eu e todos os dias, depois que ela saia da escola eu ia lá para nós brincarmos de casinha de bonecas. E enquanto rolava a brincadeira ela me contava como era a escola me deixando cada vez mais ansiosa. Mas apesar de eu pedir para mamãe deixar eu estudar, ela dizia que eu era muito nova. O que era incompreensível para mim, uma menininha tão ingênua.
_ Aposto que o papai Noel me trouxe uma Bicicleta! Dizia meu irmão.
_ Mas aí não cabe em baixo do travesseiro, né seu bobão!
Como não tínhamos chaminés, mamãe dizia que Papai Noel deixava o presente em baixo do travesseiro ou da cama. Mas mal podíamos entender que naquele ano, a situação financeira da nossa família não permitia a tão sonhada bicicleta ao “Papai Noel”.
_Vamos ver, vamos! Nos levantamos apressadamente, e olhamos cada um em baixo de seus travesseiros e de suas camas.
Rasguei o pequeno embrulho. Mal podia acreditar, era muito melhor que ir a escola! Uma caixa de lápis de cor e um caderno de desenhos! Não conseguia conter meu sorriso nos lábios, sai gritando minha mãe e descrevendo meu presente! Nessa hora nem pude perceber o que meu irmão ganhara, e agora nem me lembro também.
Mas me lembro muito bem, do rosto da minha mãe, que com um sorriso terno, e os olhos ainda entreabertos por causa do sono, me perguntou: Você gostou? E eu a abracei.
Foi com aquele mesmo sorriso que minha mãe me ensinou a escrever meu nome, me ensinou as letras, o alfabeto, e despertou essa paixão que vive em mim até hoje: a paixão de escrever.
Autor: Jaqueline Barbosa Editado por: nicoladavid |
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