A amendoeira eu podo e o céu vejo com as minhas mãos enfim purificadas, como se apalpam as faces amadas com o semblante enlevado do desejo.
Como crio na estrofe mais sincera em que o meu sangue vivo há-de correr, preparo o coração pra receber o sangue imenso que há na Primavera.
Dá o meu peito à árvore o seu latido e escuta o tronco, na seiva escondido, meu coração como um cinzel profundo.
Os que me amavam julgam-me perdida e é só o meu peito, aí sustido na
amendoeira, a minha entrega ao mundo. Autor: Gabriela Mistral (1889-1957) Editado por: nicoladavid |