![]() Indiozinho, se estás cansado Tu te recostas sobre a Terra, fazes igual se estás alegre, vai, filho meu, brinca com ela...
Que de coisas maravilhosas soa o tambor índio da Terra: se ouve o fogo que sobe e desce buscando o céu, e não sossega. Roda e roda, se ouvem os rios em cascatas que não se contam. Se ouve mugir os animais; comer o machado a selva. Ouve-se soar teares índios. Se ouvem trilhos e se ouvem festas.
Aonde o índio está chamando, o tambor índio lhe contesta, e tange perto e tange longe, como o que foge e que regressa...
Tudo toma, tudo carrega o corpo sagrado da Terra: o que caminha, o que adormece, o que se diverte e o que pena; os vivos e também os mortos leva o tambor índio da Terra.
Quando eu morrer, não chores, filho: peito a peito junta-te a ela e se dominas o teu fôlego como quem tudo ou nada seja, tu ouvirás subir seu braço que me jungia e que me entrega e a mãe que estava quebrantada tu a verás tornar
inteira. Autor: Gabriela Mistral (1889-1957) Editado por: nicoladavid |