Já não vivo, só penso. E o pensamento é uma teia confusa, complicada, uma renda subtil feita de nada: de nuvens, de crepúsculos, de vento.
Tudo é silêncio. O arco-íris é cinzento, e eu cada vez mais vaga, mais alheada. Percorro o céu e a terra aqui sentada, sem uma voz, um olhar, um movimento.
Terei morrido já sem o saber? Seria bom mas não, não pode ser, ainda me sinto presa por mil laços,
ainda sinto na pele o sol e a lua, ouço a chuva cair na minha rua, e a vida ainda me aperta nos seus braços.
Autora: Fernanda de Castro (1900-1994) Editado por: nicoladavid |
|
|