“A F., favorecendo com a boca e desprezando com os olhos”
Quando o Sol nasce e a sombra principia A doce abelha, a borboleta airosa Procura luz ardente e fresca rosa, Que faz a terra céu e a noite dia.
Mas quando à flor se entrega, à luz se fia, Uma fica infeliz, outra ditosa, Pois vive a abelha e morre a mariposa Na favorável rosa e chama ímpia.
Fílis, abelha sou, sou borboleta, Que com afecto igual, com igual sorte, Busco em vós melhor luz, flor mais selecta.
Mas quando a flor é branda, a chama é forte, Néctar acho na flor, na luz cometa; A boca me dá vida, os olhos morte.Autor: D. Francisco Manuel de Melo (1608-1666) Editado por: nicoladavid |
|