Pois se para os amar não foram feitos, Senhor, aquêles olhos soberanos, Porque, por tantos modos, mais que humanos, Pintando os estivestes tão perfeitos?
Se tais palavras e se tais conceitos, Tão divinas, tão longe de profanos, Não destes por oráculo aos enganos, Com que Amor vive nos mais altos peitos,
Porque, Senhor, tanta beleza junta, Tanta graça e tal ser lhe foi deitado, Qual ídolo nenhum gozara antigo?
Mas como respondeis a esta pergunta? Que ou para disculpar o meu pecado, Ou para eternizar o meu castigo?
Autor: D. Francisco Manuel de Melo Editado por: nicoladavid
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