Lojas fartas, Pessoas frenéticas, Tudo limpo, engomado. E você não está ao meu lado
Diz-se momento de perdoar, De pensamentos positivos, confraternizar, Mas você onde está?
Menti sim, Embora sem querer, Que não sou tão radical, Mas o que é isso afinal?
Queria dizer que estou com saudade! Queria ir pra sua cidade, beijar-lhe, Dar carinho...
Mas é Natal, Momento de perdão De sei-lá-o-quê Que me embriaga.
Afinal, o que vivemos? A vida da gente, Ou a vida que todos vivem?
O que é isso? Natal, Papai Noel, O que é isso?
Eu não sei, não compreendo! Até quando criança ficava confuso. O que é isso?
Apesar do gosto do pêssego na farofa, Do salpicão de frango, Da tia Bêbada esfregando os peitos, Das crianças no mesmo estado. Você não está do meu lado!
O que é isso? Se isso é o que chamam de Natal: Eu não gosto, não gosto e vomito!
A cabeça doi, Tudo não muda E o nada tampouco Nem a porra do Natal!
Que insiste em existir, Na cabecinha de todos os desmiolados Que dizem ser momento de perdoar!
Perdoar o quê? Quem? Não era nascimento? Mas agora é perdoar!
Que saco! Sem você ao meu lado. Pois deve estar ao lado daquele idiota de Papai Noel.
Aquele velho barbudo, Vestido de vermelho.
Velho, Barba, Que nojo. E eu?
O que é isso? Momento de perdão! Eu não quero perdoar ninguém Nem o natal.
Nem o símbolo nórdico da folha do Canadá Nem lá, Nem aqui.
Quem sou eu mesmo?
Não sei o que é Natal Não sei do que falam...
Sou de fora? Existem outros além de mim?
E quer saber? Vou parar com perguntas Pois o dia é de perdão E não de indagação!
Assim eu não pergunto Onde você está Que não está do meu lado.
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