Traze, ao pisar a cena, a parte bem sabida; Seja-te, a cada frase, a memória fiel; À face dá a expressão na rubrica exigida, De algoz, histrião, galã, pai nobre ou menestrel.
E a platéia verás palpitar comovida; Turbas ocorrerão a acalmar-te, em tropel. Porque, artista perfeito, à ficção desta vida, Ator, representaste, a rigor, teu papel.
Mas se, com a própria face e espontânea atitude, Disseres o que à mente e o que aos lábios te vêm Sem mudança na voz, sem que o teu gosto mude,
Só colherás o apupo e o riso de desdém. Pois no palco mais vale o que melhor ilude. E na vida... ora, a vida é um teatro também.
Autor: Bastos Tigre (1882 - 1957) Editado por: nicoladavid |
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