Este que vive em truculento e rude Prélio de intrigas que a ambição ateia, Envolve em rispidez cada atitude, Sai-lhe, de fel, cada palavra, cheia. Não vê que na bondade está a virtude De dar graça e beleza à vida feia, Como um raio de sol doira o palude, Põe rebrilhos de jóia em grãos de areia. Dor de sobra há no mundo que nos doa; E quantas formas de expressão tem ela, Da mão que fere à voz que amaldiçoa! Mas no artista a bondade se revela; Se não lhe é dado a vida fazer boa, Atenua-lhe o mal, tornando-a bela. Autor: Bastos Tigre (1882
- 1957) |