A minha ama-de-leite Guilhermina Furtava as moedas que o Doutor me dava. Sinhá-Mocinha, minha Mãe, ralhava... Via naquilo a minha própria ruína! Minha ama, então, hipócrita, afetava Susceptibilidades de menina: “— Não, não fora ela!” — E maldizia a sina, Que ela absolutamente não furtava. Vejo, entretanto, agora, em minha cama, Que a mim somente cabe o furto feito... Tu só furtaste a moeda, o ouro que brilha... Furtaste a moeda só, mas eu, minha ama, Eu furtei mais, porque furtei o peito Que dava leite para a tua filha! Autor: Augusto dos Anjos (1884 – 1914) Editado por: nicoladavid |
|