Não é de águas apenas e de ventos, no rude som, formada a voz do oceano: em seu clamor ouço um clamor humano; em seu lamento, todos os lamentos.
São de náufragos mil estes acentos, estes gemidos, este aiar insano. Agarrados a um mastro ou tábua ou pano, vejo-os varridos de tufões violentos.
Vejo-os, na escuridão da noite, aflitos, bracejando ou já mortos e de bruços, largados das marés, em ermas plagas.
O! que são deles estes surdos gritos! Este rumor de preces e soluços é o choro de saudade destas vagas!
Autor: António Mariano Alberto de Oliveira (1857 –
1937) |