Fumo e cismo. Os castelos do horizonte
Erguem-se, á tarde, e crescem, de mil cores,
E ora espalham no céo vivos ardores,
Ora fumam, vulcões de estranho monte...
Depois, que formas vagas vêm defronte,
Que parecem sonhar loucos amores?
Almas que vão, por entre luz e horrores,
Passando a barca d'esse aéreo Acheronte...
Apago o meu charuto quando apagas
Teu facho, oh sol... ficamos todos sós...
É n'esta solidão que me consumo!
Oh nuvens do Ocidente, oh cousas vagas,
Bem vos entendo a cor, pois, como a vós,
Beleza e altura se me vão em fumo!
Autor: Antero de Quental (1842-1891)
Editado por: nicoladavid
| |
|