
Por isso, com a mesma ironia E em memória àquele que um dia iluminou essa escuridão Dedico estes versos, pobres e insuficientes versos Mas que dão mote à grandeza do nome sobre o qual verso
Antes do mais, perdoe-me o engano Não, não é um espectro frágil o ser humano É antes o próprio ideal trágico de um sonho infeliz e patético Uma gargalhada profunda de um Deus incrédulo e imagético
Mas vá lá, voltemos ao nosso mote E à homenagem ao grande Cavaleiro das Letras Fundador da Academia Brasileira de Letras E que nos inspira em vida e em morte Joaquim Maria Machado de Assis Ou somente Machado de Assis
Não era mesmo para ser o orgulho da pátria Estava mais para um néscio ou um paria Mulato pobre, gago, órfão, epilético e sem estudo Tornou-se logo entre todos o mais culto E contrariando a ordem lógica do mundo Inverteu a lógica, o real e o oculto
Enxergou como ninguém a alma humana E a revelou com a elegância de uma arte grega ou romana Mas o fez com tal sinceridade Que até parece crueldade É que o homem vive numa crise de identidade Ante o bem e o mal, a dualidade
Homenageado com honras em seu velório Machado de Assis nunca foi um simplório Sabia que a vida é um desafio complexo E que só com maestria e valentia é que faz nexo Por isso aproveitou a ironia de ter nascido pobre Para morrer com a insígnia de um espírito nobre
Autor: André Augusto Passari Editado por: nicoladavid
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