Sobre este plano, liso chão, me deito à maneira dos mortos. Que arrepio... Que sensação estranha de outro frio, como uma unha, me escalavra o peito...
Me deito aqui, no liso chão, e espreito... Guardam as coisas, que do chão espio crescerem para mim, num desafio, não sei que grave gesto insatisfeito...
Tanto me habituei a estar comigo que ir-me embora de mim me causa pena. No liso chão deitado o corpo sente
um sossego de estar — de estar somente — coisa que à grande inércia se condena, pedra, talvez, de algum túmulo antigo... Autor: Alphonsus de Guimaraens Filho (1918-2008) Editado por: nicoladavid |
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