IV Vagueiam suavemente os teus olhares Pelo amplo céu franjado em linho: Comprazem-te as visões crepusculares... Tu és uma ave que perdeu o ninho.
Em que nichos doirados, em que altares Repoisas, anjo errante, de mansinho? E penso, ao ver-te envolta em véus de luares, Que vês no azul o teu caixão de pinho.
És a essência de tudo quanto desce Do solar das celestes maravilhas... Harpa dos crentes, cítola da prece...
Lua eterna que não tivesse fases, Cintilas branca, imaculada brilhas, E
poeiras de astros nas sandálias trazes... Autor:
Alphonsus de Guimaraens (1870-1921) |