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Hirta e
branca... Repousa a sua áurea cabeça
Numa
almofada de cetim bordada em lírios.
Ei-la
morta afinal como quem adormeça
Aqui
para sofrer Além novos martírios.
De mãos
postas, num sonho ausente, a sombra espessa
Do seu
corpo escurece a luz dos quatro círios:
Ela
faz-me pensar numa ancestral Condessa
Da
Idade Média, morta em sagrados delírios.
Os
poentes sepulcrais do extremo desengano
Vão
enchendo de luto as paredes vazias,
E velam
para sempre o seu olhar humano.
Expira,
ao longe, o vento, e o luar, longinquamente,
Alveja,
embalsamando as brancas agonias
Na
sonolenta paz desta Câmara-ardente...
Autor: Alphonsus de Guimaraens (1870-1921)
Editado por: nicoladavid