Meu ser é a comunhão de dois seres diversos. Dois seres - um, a carne, outro, o espírito... e, assim, esses dois seres - dois pequenos universos - para castigo meu, se unificam em mim.
Carne e espírito... Enquanto o espírito faz versos e sonha, a carne, onde arde o sangue de Caim, forceja, ousa remir os instintos, imersos neste letargo, nesta escravidão sem fim.
É o espírito contra a carne... A ânsia, a nevrose!...
E o corpo, livre da alma, estremeça, ame, goze a carne pela carne e para a carne... a carne até se decompor e desaparecer!... Autor: Hermes Fontes (1888-1930) |