Entre o bater
rasgado dos pendões
E o cessar dos clarins na tarde alheia,
A derrota ficou : como uma cheia
Do mal cobriu os vagos batalhões.
Foi em vão que o
Rei louco os seus varões
Trouxe ao prolixo prélio, sem idéia.
Água que mão infiel verteu na areia —
Tudo morreu, sem rastro e sem razões.
A noite cobre o
campo, que o Destino
Com a morte tornou abandonado.
Cessou, com cessar tudo, o desatino.
Só no luar que
nasce os pendões rotos
’Strelam no absurdo campo desolado
Uma derrota heráldica de ignotos.
Autor: Fernando Pessoa (1888-1935)
Editado por: nicoladavid
| |
|