Que densa névoa cobre a terra inteira! Dir-se-ia que pousou na terra o próprio céu... E lembra um andorinha prisioneira Dum condor que sobre ela as asas estendeu.
Moldados pela noite à sua negra imagem, Cismam meus olhos fundos como um rio. Tornam mais densa ao longe a noite da paisagem Os montes dum perfil ascético e sombrio.
E esqueço-me a pensar se tudo o que me envolve, As árvores, os montes e os rochedos, Não é um sonho só que em névoa se dissolve, Como ao quebrar da luz, sombras, noturnos medos.
Tão ausente me sinto, tão distante, Que um sonho me parece a própria vida; A névoa cresce, aumenta a cada instante ... E a minha sombra jaz na sombra confundida ...
Autor: Anrique Paço D’Arcos (1906-1993) "Henrique Beldford Correia da Silva” Editado por: nicoladavid |
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