A cada instante, Amor, a cada instante No duvidoso mar de meu cuidado Sinto de novo um mal, e desmaiado Entrego aos ventos a esperança errante.
Por entre a sombra fúnebre e distante, Rompe o vulto do alívio mal formado; Ora mais claramente debuxado, Ora mais frágil, ora mais constante.
Corre o desejo ao vê-Ia descoberto; Logo aos olhos mais longe se afigura, O que se imaginava muito perto.
Faz-se parcial da dita a desventura Porque nem permanece o dano certo, Nem a glória tampouco está segura. Autor: Cláudio Manuel da Costa (1729-1789) |