´ Éramos três em torno à mesa. Três que a vida, Na sua trama de ilusões urdida, Juntou ao mesmo afecto e na mesma viuvez... Um músico , um pintor, e um poeta. Éramos três... O primeiro falou: - Veio da melodia De um nocturno, a mulher que me fez triste assim. Amei-a como se ama a fantasia E ela sendo mulher fugiu de mim... Hoje tenho a alma como um piano vivo Que mão nenhuma acordará talvez... É por esse motivo que eu sou mais desgraçado que vocês... Disse o segundo: - Meu amigos, a sorte golpeou-nos, com a mais vil ingratidão À mim levou-me à morte, o que eu tinha de melhor A ilusão de que a vida era ilusão. A força, a graça, o espírito, a beleza A estátua humana olímpica e pagã Espelho, natural da natureza Nota da flauta mágica de Pan Morreu com ela a vida, a luz, a cor Manhã de sol e tarde de ametista A paleta e a esperança de um pintor... Todo o delírio de um impressionista. Fez-se um grande silêncio em torno à mesa, Silêncio de saudade e tristeza... O terceiro baixou os olhos devagar Disse um nome baixinho e não pode falar...
Autor: Olegário Mariano Editado por: nicoladavid | |
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