Bem sei, Amor, que é certo o que receio;
Mas tu, porque com isso mais te apuras, De manhoso, mo negas, e mo juras Nesse teu arco de ouro; e eu te creio.
A mão tenho metida no meu seio, E não vejo os meus danos às escuras; Porém porfias tanto e me asseguras, Que me digo que minto, e que me enleio.
Nem somente consinto neste engano, Mas inda to agradeço, e a mim me nego Tudo o que vejo e sinto de meu dano.
Oh poderoso mal a que me entrego! Que no meio do justo desengano Me possa inda cegar um moço cego?
Autor: Luís Vaz de Camões Editado por: nicoladavid |
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