Prometeu já não furta o relâmpago.
Ícaro não aspira a um céu invinto.
Anteu não quer a terra nem o Olimpo.
Há um pretenso heroísmo cujo pântano
é um mundo aleatório como o instinto.
Vai surgindo outro sonho, outro esperanto
em Babel, uma torre confiscando
as altitudes que não vão subindo,
vão-se encolhendo e se resignando
às superposições do gesto ímpio.
Nem há mais, assombrados pelos campos,
um enigma, uma esfinge, um deus surgindo
sob as conjurações dos pirilampos.
Não: há um vazio, um lento labirinto.
Autor: A. Bruno
Tolentino (1940-2010)
Editado por: nicoladavid
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